ATA DA CENTÉSIMA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 22.09.1989.

 


Aos vinte e dois dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Centésima Segunda Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol, Heriberto Back, Isaac Ainhorn, João Dib, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Mano José, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilton Araújo, Edi Morelli e José Valdir. Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Artur Zanella que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura das Atas da Centésima Primeira Sessão Ordinária e da Trigésima Nona Sessão Solene, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Edi Morelli, 04 Pedidos de Providências; 01 Indicação; 01 Pedido de Informação; pelo Ver. Mano José, 01 Pedidos de Providências; pelo Ver. Leão de Medeiros, 02 Pedidos de Providências; pelo Ver. Omar Ferri, 01 Projeto de Resolução nº 27/89 (proc. nº 2488/89); pelo Ver. Valdir Fraga, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 138/89 (proc. nº 2513/89); pelo Ver. Vicente Dutra, 01 Indicação; 01 Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 22/88 (proc. nº 2436/89). Ainda, foram apregoados os Projetos de Lei do Executivo n°s 45/89 (proc. n° 2582/89); 46/89 (proc. n° 2598/89); 47/89 (proc. n° 2599/89); 48/89 (proc. n° 2600/89); o Pedido de Autorização n° 08/89 (proc. n° 2601/89). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 170/89, da Associação dos Transportadores de Passageiros; 1045/89, do Governador do Estado; 531/89, do Diretor-Presidente da Eletrônica Rio-Grandense S.A.; 384; 388/89, da Associação Riograndense de Imprensa; Circular s/n°, do Conselho Municipal de Cultura da Prefeitura Municipal de Três Passos; Telex da Edel Empresa de Engenharia S.A. A seguir foi aprovado Requerimento verbal do Ver. Artur Zanella, solicitando a inversão da ordem dos trabalhos, passando-se ao período de PAUTA. Em Discussão Preliminar, 1ª Sessão, estiveram: os Projetos de Lei do Legislativo nº 134; 135; 137/89; o Projeto de Resolução n° 30/89; Edi Morelli 2ª Sessão, o Projeto de Lei do Executivo nº 43/89, discutido pelo Ver Artur Zanella; o Projeto de Resolução n° 25/89; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo n° 132; 133; 126/89; os Projetos de Lei do Executivo n°s 41; 42/89. Após, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Na ocasião, foi aprovado Requerimento do Ver. José Alvarenga, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje. Em continuidade, o Sr. Presidente declarou empossado na Vereança o Suplente Antonio Losada e, informando que S. Exa. já prestara compromisso legal nesta Legislatura, ficando dispensado de fazê-lo, comunicou-lhe que passaria a integrar a Comissão de Economia e Defesa do Consumidor. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo n° 29/89. Ainda, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Décio Schauren, solicitando que seja manifestada a solidariedade desta Casa ao Presidente da Câmara Municipal de São Paulo, pela forma decidida e de elevado espírito público com que tem apurado as diversas irregularidades praticadas naquela Câmara; do Ver. Ervino Besson, de Voto de Pesar pelo falecimento de Irene Cappone Santiago, este encaminhado à votação pelo Autor; do Ver. Flávio Koutzii, solicitando que o Projeto de Lei do Executivo nº 29/89 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data; do Ver. Gert Schinke, solicitando que o Projeto de Resolução n° 25/89 seja considerado em regime de urgência e submetido às respectivas Comissões, este encaminhado à votação pelos Vereadores Wilton Araújo, João Dib e Gert Schinke; de Moção de Solidariedade à luta dos índios da nação Ianomami, em prol da rejeição pelo Congresso Nacional do projetos do Executivo que regulamentam o garimpo nas suas terras em Roraima; do Ver. Isaac Ainhorn, de Voto de Congratulações com Amir Sarti, pela sua posse na Coordenadoria de Proteção e Defesa do Meio Ambiente; do Ver. Mano José, de Votos de Congratulações com os Clubes de Mães Ipanema e Arco-Íris, pela passagem de seus aniversários; do Ver. Omar Ferri, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo n° 134/89 seja considerado em regime de urgência e submetido às respectivas Comissões; de Moção de Repúdio à forma pela qual o problema dos “sem-terra” vem sendo conduzido em nosso País; de Voto de Congratulações com a Verª. Regina Gordilho, Presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, por sua atuação corajosa e desassombrada na investigação e punição às irregularidades, fraudes e corrupção naquela Câmara; de Voto de Pesar pelo falecimento de Nércio Fernandes; do Ver. Valdir Fraga, solicitando que o Projeto de Resolução n° 30/89 seja considerado em regime de urgência; do Ver. Vicente Dutra, de Voto de Congratulações com o Rotary Clube Porto Alegre-Norte e Rotary Clube Porto Alegre-Leste, pela comemoração da histórica viagem ao Nordeste, conduzindo Grupo de Rotarianos com o objetivo de promover intercâmbio entre Rotarianos do Sul e do Norte. Às dez horas e trinta e seis minutos, o Sr. Presidente suspendeu os trabalhos, nos termos do art. 84, II do Regimento Interno, sendo os mesmos reabertos às dez horas e trinta e nove minutos. Em prosseguimento, o Sr. Presidente convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário os Senhores Itzhak Sarfaty, Embaixador de Israel; Samuel Burd e Jayme Saltz, respectivamente, Presidente e Vice-Presidente da Federação Israelita; e Israel Lapchick, Presidente do Conselho das Entidades Judaicas do Rio Grande do Sul, convidando S. Exas. a fazerem parte da Mesa. Após, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Sr. Itzhak Sarfaty, que discorreu acerca dos motivos de sua visita à Casa, informando estar regressando ao seu país. A seguir, os Vereadores Isaac Ainhorn, João Dib, Flávio Koutzii e Clóvis Brum saudaram os visitantes, discorrendo sobre o trabalho realizado pelo Embaixador de Israel no Brasil, cuja importância cresce no momento crítico que hoje atravessa o Oriente Médio. Às onze horas e um minutos, os trabalhos foram novamente suspensos, nos termos do art. 84, II do Regimento Interno, sendo reabertos às onze horas e três minutos. Em EXPLICAÇÕES PESSOAIS, o Ver. Airto Ferronato classificou como “lentos” os trabalhos da Comissão Especial constituída para tratar do Regimento Interno da Casa. Leu a lista dos nomes indicados para a Comissão de Sistematização dos trabalhos da Constituinte Municipal, destacando que a Lei Orgânica deve ser elaborada por todos os Vereadores da Casa e não por apenas um grupo previamente indicado. Solicitou providências para viabilizar uma maior participação. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Isaac Ainhorn comentou o pronunciamento do Ver. Airto Ferronato, onde é ressaltada a preocupação com a participação de todos os Vereadores na elaboração da Lei Orgânica Municipal. Declarou serem os partidos políticos a representação máxima da democracia, salientando a necessidade de um trabalho maduro e coerente na elaboração dessa Lei. O Ver. João Dib destacou a importância de que a Lei Orgânica Municipal, a ser elaborada pela Casa, seja depois realmente cumprida. Disse não integrar a Comissão de Sistematização da Constituinte mas participar, na medida do possível, de todas as reuniões por ela realizadas. Congratulou-se com o Ver. Airto Ferronato pelo pronunciamento feito a respeito do assunto. Em EXPLICAÇÕES PESSOAIS, O Ver. Adroaldo Correa, dizendo ter comparecido às reuniões realizadas pela Comissão Especial constituída para tratar da Lei Orgânica Municipal , destacou que essas reuniões encontram-se abertas para participação de todos os Vereadores da Casa. Analisou a maneira como serão realizados os trabalhos da Comissão da Constituinte Municipal. Comentou matéria do Ver. Airto Ferronato, publicada na imprensa, acerca do orçamento municipal. O Ver. Cyro Martini falou sobre a falta de segurança nos estabelecimento de ensino do Estado, solicitando a colocação de policiamento ostensivo nesses locais. Posicionou-se contrário à retirada, da Praça XV, de linhas de ônibus que atendem a comunidade do Bairro Partenon. Registrou as presenças, no Plenário, do Escrivão de Polícia Cláudio Noronha e do Despachante de Trânsito Nelson Duarte Ferreira. O Ver. Vicente Dutra discorreu sobre o seminário do qual participou, em Caracas, como representante desta Casa, o qual versava sobre sociologia política e sobre a doutrina da social Democracia Cristã. Destacou ter essa doutrina a ação voltada para o homem e analisou a situação política, cultural, econômica e social hoje observada na Venezuela. E o Ver. Omar Ferri teceu comentários sobre o desvendamento do caso do roubo de um cofre do Colégio Cristo Rei, atribuído a integrantes da polícia. Mencionou a participação, no mesmo, do advogado José Arpino, dizendo tê-lo conhecido e criticando sua atuação profissional. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Omar Ferri deu continuidade ao seu pronunciamento, acerca da atuação do Advogado José Arpino, classificando-a de “incompetente e denegridora da classe dos advogados”. Destacou, ainda, a participação, no assalto ao Colégio Cristo Rei, do Inspetor Altamiro Reis. Durante os trabalhos, o Sr. Presidente registrou a presença, no Plenário, do Ver. Dionísio Folheto, do PMDB de Restinga Seca. Às doze horas, nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga, Isaac Ainhorn, Lauro Hagemann e Adroaldo Correa e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann, Wilton Araújo e Adroaldo Correa. Do que eu, Lauro Hagemann, 1° Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Declaro abertos os trabalhos da presente Sessão.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Requerimento): Tendo em vista adequar o Regimento à importância do Processo n° 2567/89, que trata do reajuste dos funcionários da Câmara, proponho a inversão da ordem dos trabalhos, vindo a Pauta em primeiro lugar.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, contra o voto do Ver. Edi Morelli.

Passamos à

 

PAUTA – DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. Nº 2415/89 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 134/89, de autoria do Ver. Omar Ferri, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor João Batista Marchese.

 

PROC. Nº 2428/89 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 135/89, de autoria do Ver. Cyro Martini, que denomina Acesso Ruy Manoel Christini um logradouro público.

 

PROC. Nº 2483/89 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 137/89, de autoria do Ver. Adroaldo Corrêa, que denomina Rua Antonio Candido Ferreira (BAGÉ) um logradouro público.

 

PROC. Nº 2567/89 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 030/89, de autoria da Mesa, que reajusta os vencimentos dos funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. Nº 2476/89 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 043/89, que autoriza a subscrição de ações da Companhia Carris Porto-Alegrense e dá outras providências.

 

PROC. Nº 2437/89 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 025/89, de autoria do Ver. Gert Schinke que institui a solenidade “Plantio de Árvores dos Constituintes Municipais” dentro da área da Câmara Municipal de Porto Alegre.

 

 

3ª SESSÃO

 

PROC. Nº 2363/89 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 132/89, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que denomina Rua Marcos Iolovitch um logradouro público.

 

PROC. Nº 2370/89 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 133/89, de autoria do Ver. Luiz Machado, que dispõe sobre a proibição do plantio das plantas da família das euphorbiaceae.

 

PROC. Nº 2445/89 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 041/89, que autoriza o Executivo a permutar imóvel de propriedade do Município de Porto Alegre com outro de propriedade de Nachman Turkienicz.

 

PROC. Nº 2446/89 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 042/89, que autoriza a abertura de créditos especiais no valor de NCz$ 549.775,00 no Departamento Municipal de Água e Esgotos e dá outras providências.

 

PROC. Nº 2248/89 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N° 126/89, de autoria do Ver. Giovani Gregol, que denomina Praça José Marti um logradouro público.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Artur Zanella, para discutir a Pauta.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esta Pauta servirá para discutir o assunto da Cia Carris e para que o Ver. Flávio Koutzii me entenda, ou me compreenda – qualquer um dos dois é bom – ou quem sabe até me compreenda e me entenda, o que é melhor ainda. O processo que trata da Carris eu creio que tem um erro de português e um erro de concepção. E ontem – alguns me cobraram isto – eu disse ao Ver. Flávio Koutzii que era da essência do Legislativo a negociação e que o meu partido por diversas vezes, nos governos passados, havia negociado com os prefeitos e eu creio que esta afirmação não foi bem entendida pelo Ver. Flávio com que então apresso-me, usando como exemplo este processo, a definir que tipo de negociação eu imagino e que tipo de negociação nós fazíamos e nós fazemos. A verdade, eu já tinha dito aqui nesta tribuna quando o Sr. Tarso Genro aqui estava.

Então eu imagino uma negociação, Ver. Flávio Koutzii, que diga o seguinte: vem o projeto e diz: “da mesma forma o imóvel mencionado que será doado à Carris destina-se à premente necessidade de aumento da área física da empresa, com ampliação e pavimentação das áreas de estacionamento, oficinas, manutenção e lavagens”. Este projeto com esta redação, eu creio, Vereador Líder do PT, que não passa. Não há Vereador nesta Casa, a não ser que votando sob o influxo do seu relacionamento com a Prefeitura, que vá votar favoravelmente a uma área para fazer garagens ao lado de um hospital. Não há Vereador nesta Casa que aprove isto. Mas, se no processo de negociação for alterada esta destinação para que a Carris venda este terreno para obter recursos para o aumento do seu capital, eu não vejo por que não seja aprovado isto. É uma negociação, Vereador. Eu me lembro, chegou um projeto nesta Casa, da Beneficência Portuguesa, o Ver. Antonio Hohlfeldt, diligente Ver. Antonio Hohlfeldt, consultou então o seu assessor na época, Economista Paulo Müssel de Oliveira, ele verificou que o Shopping Center ali na Beneficência Portuguesa era maior do que o Shopping Center Iguatemi. No processo de negociação que foi coordenado pelo Presidente da Casa, e pelo Ver. Antonio Hohlfeldt foi reduzido o Shopping Center, por Emenda minha, o prédio da Beneficência passou a ser destinado à Sede da Secretaria de Cultura, foi previsto um hospital na Zona Norte, os representantes da Zona Norte já querem levar para a Zona Sul o Hospital. Então, o fruto dessa negociação foi aprovado, não há problema nenhum, não vejo por que esse termo não seja usado, negociações, não é negócio, e discussão, e vale, Ver. Flávio Koutzii, para aquilo que ontem nós estávamos conversando, a negociação que eu imagino, que eu penso, é uma negociação nesse nível, altera-se aqui, modifica-se ali, se aprova uma coisa que seja do consenso de todos. E no projeto da Carris, voltando ao processo, Sr. Presidente, eu creio que há um equívoco aqui de Português, mas só para as pessoas entenderem bem, o ofício que encaminho diz assim: “Soma-se ainda a necessidade de substituir seis ônibus, cuja vida útil se esgota no corrente exercício, além de mais vinte e quatro para a criação”. Eu creio que, como está escrito, dá idéia que vai substituir mais vinte e quatro, e eu imagino que não seja isto, imagino que vão-se comprar mais vinte e quatro ônibus, para ampliar as linhas T1, T2, T3 E T4, e criar a linha T6 e T5, porque para criar linhas nessa quantidade, evidentemente não é substituição de ônibus, e sim a compra de ônibus, imagino que seja. Mas esse não é o problema maior, o problema é que às vezes o ofício que encaminha não é muito claro, e como o ofício não é votado, o ofício é simplesmente uma declaração de intenções; é bom, Ver. Flávio Koutzii, que no Projeto seja bem explicitado o que vão fazer com aquele terreno, no Projeto, porque, repito, o ofício é uma declaração de intenções, às vezes o ofício não tem muita relação até com o Projeto. Então, eu creio, Ver. Flávio Koutzii, que num processo de negociação é explicado todo o problema, a situação da Carris, as dívidas da Carris, as grandes dúvidas sobre este problema, então creio que é um Projeto que merecerá, como sempre a Carris mereceu, a sua aprovação. Agora, cheque em branco faz tempo, e vale isso para o governo anterior, que esta Câmara não concede ao Executivo. Normalmente no Projeto de Lei se incluem todos os itens que dão uma perfeita transparência aos Projetos.

 

O Sr. Flávio Koutzii: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, quero dizer que me parece correta a colocação que faz, que é, digamos assim, o campo de negociação normal numa Casa política entre diferentes Partidos, etc. E eu não discordo disso, primeiro. Acho que a sua ênfase nesta questão se deve a um tema que não é de conhecimento da maioria dos Vereadores presentes, que é um debate nosso, ontem, entre as Lideranças sobre este problema que estamos tentando encaminhar da informatização ou não dos trabalhos da Carta Orgânica, e nesse sentido é que eu referi a uma pergunta sua que não se tratava exatamente de um tema de negociação na medida em que se trata na verdade de um problema de compromisso, me parece, quase de princípios, em dotar a Casa e os Vereadores constituintes dos melhores recursos para enfrentar isso. Portanto, acho que neste sentido quero manter a diferença; acho que é um tema de outra qualidade.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: É que se criou um mal-entendimento na conversa – a negociação que eu falava é esta aqui.

 

O Sr. Flávio Koutzii: Neste sentido eu acolho a sua posição.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Tudo bem. Então, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, sugerindo que a Liderança do PT, como sugestão somente, coloque no Projeto o que pretende fazer com o terreno, e sugiro que não seja colocar uma oficina mecânica da Carris através do Hospital dos Funcionários Públicos Municipais; e também se pretende substituir os vinte e quatro ônibus ou adquirir vinte e quatro ônibus, que deve ser isso aí. Eu creio que é um Projeto que como sempre merecerá a nossa aprovação e o nosso apoio. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Solicito que o Sr. 2° Secretário proceda à leitura de Requerimento encaminhado pelo Ver. José Alvarenga no dia de hoje.

 

O SR. 2° SECRETÁRIO: (Lê Requerimento de autoria do Ver. José Alvarenga, que solicita permissão para afastar-se no dia 22 do corrente para Tratar de Assuntos Particulares em apoio à greve dos professores municipais.)

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Eu gostaria de saber se são os professores no Município que estão em greve ou em qual Município.

 

O SR. 2° SECRETÁRIO: O Ver. Alvarenga não esclarece no seu Requerimento, mas implícito está que é greve dos professores de Porto Alegre.

 

(É procedida à verificação de quórum para votação do referido Requerimento.)

 

O SR. 2° SECRETÁRIO: Há quórum, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento de licença do Ver. José Alvarenga. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Assume o Ver. Antonio Losada no lugar do Ver. José Alvarenga, e, tendo em vista que S. Exª já prestou compromisso regimental nesta Legislatura, fica o mesmo dispensado de repeti-lo, nos termos do Parágrafo 2°, do Art. 5°, do Regimento. Declaro empossado o Ver. Antonio Losada.

Informo ao Plenário que S. Exª integrará os trabalhos da Comissão de Economia e Defesa do Consumidor desta Casa.

Estão inscritos em Pauta o Ver. Flávio Koutzii, que desiste. Ver. Wilton Araújo, que desiste, e Ver. Dilamar Machado, que também desiste.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Uma orientação, Sr. Presidente, a Pauta são três inscritos, havendo desistência não se convida outro Vereador para usar a tribuna, se não me engano, ou não?

 

O SR. PRESIDENTE: Não havia inscrições.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Primeiro inscrito Ver. Ferronato, ausente, eu, Ver. Zanella, falei, como houve duas desistências e falo isso porque o Ver. Dilamar desistiu, também, peço a orientação de V. Exª se quando há desistência esse lugar pode ser ocupado?

 

O SR. PRESIDENTE: Até então o entendimento que tem tido esta Mesa é que, em havendo desistência, automaticamente como são três os inscritos para a Pauta, automaticamente vai-se chamando os outros inscritos que estão na lista de espera, segundo o Vereador Presidente desta Casa. Solicito ao Ver. Wilton Araújo que proceda à verificação de quórum.

 

O SR. 2° SECRETÁRIO: (Procede à chamada nominal.) Há quórum, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 2023/89 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 029/89, que declara de utilidade pública a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural – AGAPAN.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação;

- da CEC. Relator Ver. Adroaldo Corrêa: pela aprovação;

- da COSMAM. Relator Ver. Gert Schinke: pela aprovação.

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 029/89. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Sobre a mesa Requerimento de autoria do Ver. Flávio Koutzii, solicitando que o PLE n° 029/89 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em Votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. PRESIDENTE: Submetemos ao Plenário, a seguir, o Requerimento de autoria do Ver. Gert Schinke, solicitando que o PR n° 025/89 - Proc. n° 2437/89, que institui a solenidade “Plantio de Árvores dos Constituintes Municipais” dentro da área da CMPA, seja considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta das Comissões: CJR, CUTHAB e COSMAM. Em votação. (Pausa.) Com a palavra, para encaminhar, o Ver. Wilton Araújo.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, com todo o respeito que o Ver. Gert Schinke nos merece, que o plantio de árvores nos merece, que a AGAPAM nos merece, que todos os órgãos e associações nos merecem, eu acredito que estamos caindo num exagero ao criar uma solenidade de plantio de árvores na Constituinte Municipal. Sinceramente, eu acho que vamos incorrer num equívoco, se aprovarmos o presente Projeto de Resolução, para o qual ora se solicita regime de urgência e reunião conjunta das Comissões. Acho que, no mínimo, dever-se-ia estudar muito bem o assunto no seio das Comissões, para ver se este é realmente o desejo político e se este ato simbólico tem alguma intenção mais profunda, se isto realmente poderá trazer ao movimento todo algo que possa séria, honesta e profundamente enriquecer a luta pela manutenção do ambiente natural da Cidade de Porto Alegre. Com isto, e reiterando o que disse de início, com todo o respeito ao colega Gert Schinke em sua luta pela preservação do ambiente natural, que vem de há muito, encaminho contrariamente à urgência conjunta das Comissões. Trata-se de um Projeto de Resolução que simplesmente terá mérito, mas eu acho que deve ser analisado com vagar, refletindo com muita profundidade sobre o mesmo, para não cairmos, quem sabe, num ridículo qualquer, a posteriori. Encaminho contra e votarei contra o presente Requerimento.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar, com a palavra, o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, faço coro com o Ver. Wilton Araújo, vou encaminhar contrariamente à urgência. Somos a Câmara Municipal, somos os 33 Vereadores que representam a população da Cidade, e temos muita responsabilidade, e não vejo o porquê da urgência, até porque temos que saber, os 33 Vereadores, que não estamos em época de plantio de árvores, oficialmente, hoje inicia a primavera, sim, mas, na verdade, teríamos que plantar, demonstrando que sabemos plantar, que sabemos cuidar, e fazemos com carinho esse plantio, em maio, e não agora. Então, o PDS encaminha contrariamente à urgência e, evidentemente, com o respeito que merece o Ver. Gert Schinke, um ecologista, que deve ver o seu Projeto tramitando na normalidade, e até porque não há razão que fundamente uma urgência, mesmo porque não estamos em época de plantio de árvores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encaminha, pelo PT, o Ver. Gert Schinke.

 

O SR. GERT SCHINKE: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, tenho encaminhado, nesta Casa, alguns Projetos de Resolução, a exemplo deste, como por exemplo, só para citar mais dois, o que estabelece a reciclagem do lixo dentro desta Casa. Talvez alguns dos senhores ainda não tenham tomado conhecimento desse Projeto, e que já conta com o apoio da Presidência da Casa, para darmos um exemplo para a Cidade de Porto Alegre, começando aqui na Câmara, para servir como referencial, e que a Cidade possa dizer: “olha, já existe uma coisa dessas funcionando na Câmara Municipal de Porto Alegre”. Encaminhei esse Projeto de Resolução, na medida em que, havendo essa resolução por parte dos futuros constituintes, e que somos nós mesmos, vamos consubstanciar, vamos referendar uma atitude bonita, simbólica, que carrega dentro de si um simbologismo muito profundo, muito grande, a exemplo do que foi feito com os Constituintes Estaduais. Se alguns senhores não sabem, os Constituintes Estaduais fizeram um plantio de 55 mudas, dentro do Parque Marinha do Brasil, e que contou com toda a infra-estrutura e o apoio do SMAM, que ofereceu as mudas, que fez os buracos, e que foi feito há cerca de um mês. Portanto, esse nosso Projeto de Resolução nada mais é do que uma atitude simbólica, que demonstra o carinho e a preocupação em torno da questão ecológica. Quando eu estou pedindo urgência, agora nesse momento, a questão da urgência já está deslocada, porque o processo já está correndo a segunda pauta, na verdade o pedido só tem razão de ser para agilizar, para que ele consiga ser levado a feito, no dia da instalação da Constituinte Municipal. É esse o sentido que tem o pedido para a avaliação conjunta das Comissões; é exatamente esse o sentido que tem, e não apressar as coisas. Realmente não consigo entender nas colocações do Ver. Wilton Araújo alguma preocupação no sentido de que esse tipo de atitude consiga se configurar numa coisa depreciativa, ou ridícula quem sabe, como ele deixou a entender por parte de nós Vereadores, plantando uma árvore dentro da área da Câmara Municipal como o Projeto propõe, e onde nós apenas contribuiríamos sim com os gestos, apenas nós Vereadores faríamos esse gesto para marcar sim a instalação da Constituinte Municipal e nada mais do que isto. Plantando 33 árvores nativas já bem crescidinhas e que não correm risco nenhum de morrerem no meio do caminho, porque são mudas bastante crescidas e que serão fornecidas pela SMAM. Quem é que de vocês que já plantou árvores? Em outros momentos a SMAM chamou, como recentemente, para um mutirão ao longo da Avenida Ipiranga, como chamou para engrossar os mutirões nas encostas dos morros e que amanhã também se realiza. É uma atitude simbólica de nós, Vereadores, estarmos ajudando no plantio destas árvores. É este o sentido que tem este Projeto de Resolução. Nada mais do que isto. Por isso, Sr. Presidente , concluindo, eu queria encaminhar a favor do pedido para avaliação conjunta das Comissões, para que este Projeto consiga ser levado a efeito no dia 6, quando da instalação da Constituinte Municipal. Sou grato.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa registra a presença, nesta Casa, do Vereador do PMDB, Presidente da Câmara Municipal de Restinga Seca, Ver. Dionísio Folheto, a quem convidamos que ingresse no Plenário.

 

(O Sr. Dionísio Folheto é conduzido ao Plenário.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa, em nome dos colegas aqui presentes, saúda o ilustre Vereador. E sinta-se nesta Casa em sua própria. Em votação o Requerimento de urgência de autoria do Ver. Gert Schinke, que solicita seja considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta das Comissões de Justiça e Redação; de Urbanização, Transportes e Habitação; e de Saúde e Meio Ambiente, o Processo que institui a solenidade de “Plantio de Árvores dos Constituintes Municipais, dentro da párea da Câmara Municipal de Porto Alegre”. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como se encontram. APROVADO, por 17 votos SIM e 02 NÃO.

Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Valdir Fraga, solicitando que o PR n° 030/89 - Proc. n° 2567/89, que reajusta os vencimentos dos funcionários da Câmara Municipal e dá outras providências, seja considerado em regime de urgência. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO. 

Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Omar Ferri, solicitando que o PLL n° 134/89 - Proc. n° 2415/89, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. João Batista Marquese, seja considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta das Comissões: CJR e CEC. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO. 

Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Ervino Besson, de Voto de Pesar pelo falecimento de Irene Cappone Santiago. (Pausa.) Para encaminhar, com a palavra o autor, Ver. Ervino Besson. 

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, subo nesta tribuna no dia de hoje com muita tristeza. Com muita tristeza, porque a nossa classe de panificadores acabou de perder uma pessoa daquelas que lutou muito por esta classe de panificadores de Porto Alegre, e digo mais, não só de Porto Alegre, mas de todo o Estado do Rio Grande do Sul. Essa senhora, Dona Irene Capponi Santiago era a esposa do Presidente atual da Indústria de Panificação do Estado do Rio Grande do Sul. Mas, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nesta nossa vida todos nós lutamos para defendermos as nossas famílias, os nosso compromissos, uma luta de muitos. Digo lutas assim de muitos segmentos da nossa sociedade, uma luta pessoal. O que acontecia com Dona Irene Capponi? Esta senhora, ela praticamente participava em todos os congressos de panificação; inclusive no último Congresso que houve em Natal, no dia 20 a 26 do mês passado, ela, com a saúde bastante precária, lá estava defendendo e lutando para esta classe de panificadores de todo o Brasil que lá estava presente.

 

O Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Gostaria que ficasse registrada a solidariedade da Bancada do PSB.

 

O SR. ERVINO BESSON: Agradeço ao nobre Ver. Omar Ferri. Portanto, a panificação está de luto e tenho certeza que na nossa memória, na memória de todos os panificadores da Cidade de Porto Alegre, do nosso Estado, e digo mais, do Brasil, muitos dias vão ter nas suas mentes e na nossa mente, o nome dessa inesquecível senhora. Por isso em meu nome e em nome dos Srs. Vereadores Wilton Araújo, Luiz Braz, Heriberto Back, Airto Ferronato, João Dib e Cyro Martini, fica registrada, nos Anais desta Casa, a nossa profunda tristeza pela grande perda da nossa querida e sempre lutadora Irene Capponi. Peço ao Todo-Poderoso que a leve para o céu e tenho certeza de que ela vai continuar lutando por nós e por essa classe que ela tanto defendeu na sua passagem aqui na terra. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais quem queira encaminhar, em votação o Voto de Pesar de autoria do Ver. Ervino Besson. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Neste momento, queremos registrar a presença do Dr. Itzhak Sarfaty, Embaixador de Israel no Brasil, que comparece a esta Casa para apresentar as suas despedidas formais, posto que retorna ao Estado de Israel depois do desempenho de suas funções, por dois anos, em nosso País.

 

(Neste momento, o Sr. Valdir Fraga assume a Presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Convidamos as Lideranças para que conduzam ao Plenário o Dr. Itzhak Sarfaty, Embaixador de Israel; o Dr. Samuel Burd, Presidente da Federação Israelita do Brasil; o Dr. Israel Lapchick, Presidente do Conselho das Entidades Judaicas do RS; e o Dr. Jayme Saltz, Vice-Presidente da Federação Israelita. Registramos, também, a presença do Ver. Antenor Rosa, do PDS, que não é israelita e que muito nos honra com a sua presença.

 

(Os convidados são conduzidos ao Plenário.)

O SR. PRESIDENTE: Lamentavelmente, para nós, o Dr. Itzhak Sarfaty está retornado a Israel, onde deixou laços de parentesco, amizade e carinho: dizemos lamentavelmente porque já desde a sua primeira visita passamos a admirá-lo, bem como a seu povo.

A seguir, como Presidente da Casa, colocamos a palavra a sua disposição, assim como das Lideranças da Casa.

 

O SR. ITZHAK SARFATY: Sr. Presidente , Srs. Vereadores, como o Presidente desta Casa já falou que daqui a poucos dias estarei retornando a meu País, não poderia deixar de vir despedir-me dos tantos e tantos amigos que aqui deixarei em Porto Alegre e sempre que tive oportunidade de visitar esta Cidade encontrei um acolhimento carinhoso e ao regressar ao meu País não vou dizer um adeus, mas um até breve. Espero ter a felicidade de encontrar os senhores lá em meu País e, talvez, voltar a este País maravilhoso que é o Brasil. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Ver. Isaac Ainhorn, que fala em nome da Bancada do PDT.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Valdir Fraga; Sr. Itzhak Sarfaty; Dr. Samuel Burd; meu caro Israel Lapchick, Presidente do Conselho das Entidades Judaicas do Rio Grande do Sul; meu caro Vice-Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, Dr. Jaime Saltz; meus colegas Vereadores; minhas senhoras e meus senhores, falo neste momento a pedido do Ver. Edi Morelli, em nome da Bancada do PTB, o que muito me honra, também o Ver. Omar Ferri faz o registro neste sentido; o Ver. Wilson Santos, do Partido Liberal, solicita a honra dessa delegação para que em seu nome fale também. É com dois sentimentos, Sr. Embaixador, com quem tive a honra de privar agradáveis momentos em Brasília e aqui que nesta oportunidade nos encontramos nesta Casa onde V. Exª, para a honra e orgulho da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, comparece no dia de hoje para apresentar as suas despedidas formais em razão do seu retorno ao Estado de Israel. E gostaria de referir um dado que julgo extremamente importante: é que no curto período em que V. Exª esteve aqui desempenhando a missão de representante do Estado de Israel junto ao nosso País, V. Exª, inegavelmente, deixou uma marca de um homem preparado para as missões que lhe foram conferidas num momento tão delicado da política internacional, notadamente em relação ao Oriente Médio e o senhor inegavelmente soube plantar e dar continuidade a um trabalho muito importante para o estreitamento e uma maior aproximação nas relações entre esses dois Estados amigos, no curso das suas histórias. É fato notório o papel que o Estado Brasileiro e, notadamente, eu digo, para nosso orgulho, o Rio Grande do Sul representou, na medida em que a Sessão de declaração da independência do Estado de Israel não só foi presidida pelo gaúcho Osvaldo Aranha, mas teve nele também um papel importante.

Por todas essas razões, evidentemente, a nossa grande satisfação, e sabemos que o senhor ainda terá outras grandes missões a desempenhar, em relação à construção e ao desenvolvimento de uma paz duradoura no Oriente Médio. Mas eu gostaria, e peço ao Sr. Embaixador, neste momento, que me permita, não é uma confidência, mas é um fato que é muito importante ressaltar aqui, porque revela exatamente uma coisa muito clara, muito interessante, da postura do Sr. Embaixador e do próprio Estado de Israel. É que o Sr. Embaixador foi membro de “kibutz”, de uma granja coletiva e nessa condição exerceu a função de padeiro, e da qual ele se orgulha muito. E realmente eu não poderia deixar de quebrar a formalidade desse ato para fazer esse registro, porque é muito claro e definidor do perfil deste Estado que possui apenas 41 anos de existência.

E mais uma vez quero rejeitar, nesta oportunidade, a importância do papel que teve o Embaixador neste tempo em que esteve aqui, desenvolvendo, estreitando as relações entre o Estado de Israel e o Estado Brasileiro. E fazemos votos de que esse trabalho plantado pelo Sr. Embaixador, que nos honrou com mais de duas vezes visitando esta Casa e esta Casa que tem uma tradição histórica de reconhecimento e defesa da integridade e da soberania do Estado de Israel se orgulha muito, neste momento, da presença, mais uma vez, do Sr. Embaixador nesta Casa e que releva exatamente a importância desta Casa no concerto nacional, na medida em que tem a presença do Sr. Embaixador Itzhak Sarfaty visitando esta Casa para suas despedidas formais. Encerro, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, fazendo votos de que esta Casa continue nesta linha de proposta de entendimento entre os povos e de busca de paz entre um País que foi formado exatamente naquilo que podemos denominar um verdadeiro cadinho racial. Fazemos votos, Sr. Embaixador, que nós, aqui no Brasil, que estamos prestes, depois de mais de vinte e cinco anos sem eleições presidenciais, que nestas eleições dela saia um Presidente da República eleito pelo voto soberano e popular de todos os brasileiros e que possa revogar a triste resolução da ONU que considerou o sionismo uma forma de racismo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Dib, pelo PDS.

                       

O SR. JOÃO DIB: Exmo Sr. Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal; ilustre Embaixador Itzhak Sarfaty; Dr. Samuel Burd, representando a Federação Israelita; Dr. Israel Lapchick, meu amigo de longa data, como também o Dr. Samuel Burd, sem dúvida nenhuma, mas é que o Israel e eu fomos colegas do Júlio de Castilhos; Dr. Jayme Saltz, Vice-Presidente da Federação Israelita, e demais Vereadores presentes. É preciso conviver para conhecer. É preciso conhecer para compreender e é preciso compreender para poder amar. Sr. Embaixador, V. Exª esteve no Brasil, representando o seu País, conviveu com os brasileiros, compreendeu-os e aprendeu a amá-los. Mas tenha a certeza, os brasileiros que conviveram com V. Exª também aprenderam a amá-lo e já começam, como diz o nosso Presidente, a sentir saudades daquela pessoa que, representando um País, deixa muitos e muitos amigos, daquela pessoa que soube representar o seu País com a serenidade e a tranqüilidade que deve ter um Diplomata, com o conhecimento e com a justiça que devem presidir os atos de um Diploma para representar bem o seu País. Mas V. Exª, agora, leva mais uma responsabilidade às tantas responsabilidades que tem. Leva a responsabilidade, agora, de representar o Brasil lá fora, onde estiver, dizendo que nós brasileiros não discriminamos ninguém, que nós brasileiros amamos a todos, e que aqui V. Exª foi amado e respeitado e que passa a ser um Embaixador itinerante do nosso País lá onde estiver. Mas, sobretudo, queremos que, onde V. Exª estiver, consiga continuar dando de si o melhor, batalhando pela paz que o mundo precisa, buscando soluções e não criando nenhum problema. Nós lhe desejamos toda a sorte de felicidade, todo o sucesso, esteja onde estiver. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Flávio Koutzii.

 

O SR. FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente Valdir Fraga, Embaixador Sarfaty, Autoridades da Comunidade Judaica, Srs. Vereadores. Apenas poucas e breves palavras. Aprendemos a conhecer, não somente o representante oficial do Estado de Israel em nosso País, de uma forma geral, mas conhecer um pouco mais a sua sensibilidade e o seu pensamento, quando expressou aqui, desta mesma tribuna, por ocasião da comemoração do 41° aniversário do Estado de Israel, o seu entendimento, o entendimento de seu País sobre os problemas do mundo, e do mundo onde os conflitos do Oriente Médio, evidentemente, são uma questão central, e aqueles que aprenderam a ver que os destinos da humanidade, às vezes, se jogam em lugares longe de onde de vive, sabem que estas questões nos concernem. A minha palavra é o desejo de que, voltando à Israel, seja também um testemunho da grandeza e das tremendas dificuldades do País brasileiro, saiba transmitir, e certamente o sabe, os dilemas terríveis que nos acossam, e junto aos votos de que esse retorno lhe dê o prazer,o conforto do retorno ao País que se ama, tenha aprendido um pouco aqui, de nós, de como caminha a esquerda no Brasil, de como é, e como pensa, e como faz o PT, e de como tentamos, aprendendo ao longo de muitas lições da história, romper com as explicações simplificadas e estreitas de que certos valores democráticos indeclináveis são a garantia de que um partido se construa indeclinavelmente como partido democrático, isto é, somos, modestamente, participantes e ativos em todas as lutas neste País que tenham a ver com o tema racismo, do qual o anti-semitismo é uma das manifestações mais ferozes, e no nosso País, especialmente, onde a discriminação ao negro é a mais significativa expressão por uma população negra, que é maioritária, em nosso País. Saiba, portanto, que por cima de algumas apressadas simplificações, valores democráticos que nos custaram um longo caminho de compreensão e amadurecimento, nutrem, hoje, a nossa preocupação. Estaremos sempre ao lado de qualquer luta que atinja qualquer povo pela condição de ser desta ou daquela raça, dessa ou daquela religião, e continuaremos, como é o sentido da nossa existência, desejando uma solução para todos os povos. Sei que é um tema que preocupa o Estado de Israel, mais do que nunca, o tema da guerra, é um tema que persegue o povo Judeu há muitos séculos e, portanto, os augures de paz, a busca de uma solução no Oriente Médio são não só a expressão de um amor à humanidade, mas de amor a cada um dos homens que vivem naquele pedaço do mundo. Com este desejo e com esta vontade, saudamos o Embaixador e desejamos que o seu regresso acrescente na luta pela busca da paz e de uma solução equânime para as partes, no Oriente Médio . Sou grato.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Clóvis Brum.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Embaixador, Srs. dirigentes da entidade máxima da Comunidade Judaica do Rio Grande do Sul, meu caro amigo Presidente da Casa, Srs. Vereadores, eu diria pouquíssimas palavras e o Ver. Flávio Koutzii, com a inteligência que lhe é peculiar, foi muito feliz nesta breve locução, pois também diríamos, Sr. Embaixador, que além da amizade que S. Exª granjeou no meio da comunidade brasileira, acredite que o povo brasileiro, amigo de Israel, está muito preocupado com uma paz duradoura para o Oriente, para Israel, para o povo palestino. E quando surge uma conclamação de pessoas amigas e companheiras do povo palestino, pode ter certeza V. Exª que todos nós ficaremos aí nas nossas preces pedindo esta paz. Esta paz duradoura e que, a exemplo de Israel, os palestinos também possam ter o seu lar nacional. Pode ter certeza, Sr. Embaixador, que o povo brasileiro ganhou muito com a sua presença aqui, no nosso território, pois conhecemos mais um diplomata que soube estar presente em todos os acontecimentos deste País, nas reuniões da cúpula nacional e nos encontros mais simples do povo brasileiro. Portanto leve as nossas despedidas, quem sabe um até breve e que possamos, numa outra oportunidade contar com o senhor novamente representando o seu País como tão bem representou aqui no solo brasileiro. Mas, fundamentalmente, como amigo dos amigos da comunidade e como amigo da comunidade, que não deixaria fugir a oportunidade para transmitir que com a lembrança de todas as pessoas com quem o senhor fez amizade no Brasil, leve a preocupação e a certeza de que todos nós desejamos e rezamos por uma paz duradoura para o seu povo, para o povo brasileiro e para a humanidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Sr. Embaixador, quando aqui chegou houve uma identificação no olhar, parecia que nos conhecíamos há muito tempo pela maneira, pela fisionomia quando nos encontramos no Salão Nobre da Câmara Municipal.

Há poucos instantes estivemos fazendo uma visita ao novo plenário da Câmara. Eu já convidei o Sr. Embaixador que, assim que terminar as suas férias em Israel, se compromete a retornar. Nós não consideramos que o senhor vá ficar por lá. Nós vamos lhe dar umas férias por seis meses, não é nem um mês, são seis meses, é um período, um bom passeio em Israel e um feliz retorno.

Uma boa viagem e nós queremos que o senhor retorne para o nosso convívio e não deixando de conviver também com os seus irmãos. Um abraço e muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

(Suspendem-se os trabalhos às 11h01min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn – às 11h03min): Srs. Vereadores, reabrimos a presente Sessão e damos seguimento à Ordem do Dia, votando os Requerimentos finais de Pesar e Congratulações, não sem antes lembrar a V. Exªs que, após o encerramento desta Sessão, nós teremos uma Sessão Extraordinária, para que corra a Pauta do Projeto de Resolução n° 030/89, que reajusta os vencimentos dos funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre. Eu convido o Ver. Adroaldo Corrêa, Secretário desta Casa, para que proceda à verificação de quórum.

 

O SR. 3° SECRETÁRIO: (Procede à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a verificação de quórum.)

 

O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, submetemos ao Plenário, a seguir, os demais Requerimentos encaminhados à Mesa.

 

(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos conforme consta na Ata.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos ao período de

 

EXPLICAÇÃO PESSOAL

 

Com a palavra, o primeiro orador inscrito que é o Ver. Airto Ferronato.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, fui eleito Vereador de Porto Alegre com muita luta, sacrifício e trabalho muito sério e aqui estamos conscientes da responsabilidade que temos. Há algum tempo atrás foi formada a Comissão Especial da Casa que trata do Regimento Interno e essa Comissão formada por quinze membros é lenta, é morosa pela própria natureza, é muita gente, é metade desta Casa. E recebi, anteontem, uma tabelinha que me tirou o sono anteontem, ontem e vai me tirar hoje também. É a tabelinha da Comissão de Sistematização, de quinze membros. Desses quinze membros nove serão indicados pelas Bancadas, cinco relatores de Comissões Temáticas e um pela proporcionalidade. Eu sei quem serão estes quinze membros e vou lê-los: Vereadores Adroaldo Corrêa, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Flávio Koutzii, Isaac Ainhorn, João Motta, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Luiz Braz, Omar Ferri, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos e Wilton Araújo. Estes serão os quinze da “tabelinha”.

Portanto, devo me dirigir aos Vereadores Airto Ferronato, Décio Schauren, Cyro Martini, Edi Morelli, Ervino Besson, Gert Schinke, Giovani Gregol, Heriberto Back, Jaques Machado, José Alvarenga, José Valdir, Letícia Arruda, Luiz Machado, Mano José, Nelson Castan e o Presidente Valdir Fraga. A pergunta é esta: e nós, os outros, o que faremos nesta Casa? Pergunta número um. Só teremos uma Lei Orgânica se as Comissões temáticas elegerem o Presidente, o Vice-Presidente e o Relator. E mais, os quinze membros na fase da comissão de sistematização é demais. Quem deve decidir a Lei Orgânica são os trinta e três Vereadores e não os quinze, e diria mais: já se preocuparam em convidar a sociedade civil organizada para aqui expor suas idéias em Plenário e a sociedade civil organizada e desorganizada aqui esteve. Convidamos os dezessete Vereadores? Não. A segunda pergunta. Não me serve. Nós tomaremos uma medida extremissimamente drástica se isso continuar assim, porque vamos lutar até o fim para defender os interesses, principalmente dos porto-alegrenses que nos elegeram. E nós, dezessete fora os quinze, não podemos aceitar esse tipo de coisa. Por quê? Ora, se tem nove membros na Comissão Sistemática indicada pelas Bancadas, nove Líderes, mais cinco relatores de Comissão e mais um pela proporcionalidade da Bancada. Se o meu Partido indicar só um, o que eu estou fazendo? O que nós outros estamos fazendo aqui? Estamos ratificando tudo que acontece para os iluminados desta Casa? Não. Nós queremos participar ativamente deste processo, porque fomos eleitos para isso. E não abriremos mão; sob hipótese nenhuma nosostros podemos abrir mão desta tarefa, que é a mais importante tarefa para a qual nós fomos eleitos. Senão, façam-me um favor, estaremos ratificando posições. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adroaldo Corrêa): Com a palavra, em Comunicação de Líder, o Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente , Srs. Vereadores, inicialmente eu quero de um lado saudar a preocupação do Ver. Airto Ferronato, eu entendo que ela é salutar, na medida em que expressa um sentimento de ampla participação de todos os Vereadores no sentido da participação nos atos constituintes desta Casa. Mas quero dizer a V. Exª que também não estou falando em nome da Comissão, mas eu entendo o seguinte: basicamente uma Casa Legislativa é constituída de partidos políticos que são o veio natural da representação política num estado democrático. Eu, sinceramente, até hoje não encontrei uma outra expressão que pudesse existir que não os partidos políticos. A democracia mostrou que não existe uma opção melhor do que os partidos políticos. Nós estamos em uma fase de busca de fortalecimento dos partidos políticos. E quando se organizou esta comissão de quinze membros, e que foi votada, levou-se em conta uma proporcionalidade de representações políticas nesta Casa, com a preocupação permanente de abrigar também as minorias partidárias, para não alijar do processo de discussão essas minorias, por que senão estaríamos estabelecendo os dois grandes riscos: de um lado, os grandes partidos absorvendo tudo e, de outro, o desrespeitar as minorias, porque a democracia é também o exercício da ação política pelas minorias e sua participação presente. Por tudo isto, acho que não é lento o trabalho da comissão do Regimento Interno, até por que entendo que a elaboração de um Regimento Interno não é simplesmente elaborar, como uma Lei Orgânica, Vereador. Entrega-se o trabalho para um jurista, se entrega para uma comissão de notáveis e ela em dez ou quinze dias faz uma Constituição, mas nunca será a vontade política de uma Nação de um Estado ou de uma cidade, porque não foi conduzida, através dos canais que a democracia propicia. Por esta razão não concordo e digo a V. Exª que o primeiro momento de existência importante do Regimento Interno são os 45 dias iniciais, a partir da instalação da Constituinte, que é a ação das Comissões Temáticas, e estas são cinco, e cujos assuntos serão submetidos ao Plenário, que é o organismo maior e soberano para todas as decisões oriundas da Constituinte Municipal. Temos que assegurar a participação de todos e, em segundo lugar, nós temos que ter uma grande sensibilidade política e uma grande maturidade política, senão cairemos num buraco negro, porque, para a aprovação de uma Lei Orgânica, diferentemente da Constituinte Estadual e da Federal, são necessários dois terços dos votos dos Vereadores. Os outros trabalharam com maioria absoluta e nós precisamos dois terços. Em Porto Alegre, vale dizer, nós precisamos 22 Vereadores, portanto, nós temos que ter o contexto. Nas Comissões Temáticas existirão Presidentes, Vice-Presidentes e os próprios Vereadores, que comporão as mesmas. Agora, V. Exª tem todo o direito – acredito até que no próprio seio desta Comissão, que é provisória e que está-se extinguindo, porque, no dia 4 de outubro, com certeza, com a promulgação da Constituinte Estadual, deverá ser instalada a Comissão da Lei Orgânica – de se manifestar. No dia 4 de outubro, estaremos instalando a Constituinte Municipal e todos estes assuntos serão submetidos ao Plenário, que é soberano. Agora, só deixo o alerta a V. Exª e acho que V. Exª pertence a um partido político desta Casa que tem uma Bancada nesta Casa e que pode ter acesso a esta Comissão, pois este primeiro acesso à Comissão é público, os Vereadores estão convocados a, todas as terças e quintas-feiras, participarem deste debate. Em segundo lugar, recomendo a V. Exª um acesso, uma discussão. Isto é uma recomendação, não tem nada de censura a V. Exª. O seu partido deve-se posicionar, Vereador, esta é a questão concreta. Eu vou-me orgulhar muito se o meu Partido me indicar para participar da Comissão Temática, vou-me orgulhar muito se for um dos nomes, dentro da proporcionalidade que o meu Partido vier a ter, para participar de uma Comissão de Sistematização, que terá uma vida muito efêmera. Deverá, neste contexto todo, ter uma vida de 20 dias. Depois, o grande trabalho, dos três,quatro meses restantes, vai ser dentro deste Plenário. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adroaldo Corrêa): Comunicação de Líder com o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, meus cumprimentos ao entusiasmo dos Vereadores Airto Ferronato e Isaac Ainhorn, e é esse o entusiasmo que quero ver nos 33 Vereadores, para que façamos uma Lei Orgânica para ser respeitada, nós que não temos respeitado a Lei Orgânica do Município, fazendo, aqui, uma série de Projetos de Lei que contrariam frontalmente a Lei Orgânica. Mas, nobre Vereador Airto Ferronato, não sou um dos 15, sou Líder da minha Bancada, indiquei dois nomes, sou o Vereador mais antigo desta Casa, estou na quinta Legislatura, e tenho comparecido com alguma freqüência, com alguma assiduidade até, a todas as reuniões da Comissão que trata do Regimento Interno, e tenho emitido opiniões, que foram debatidas, acatadas, porque ninguém nos impediu de comparecer. A coisa foi conduzida democraticamente, sem dúvida nenhuma. Agora, quero cumprimentar esse entusiasmo que é o que os 33 Vereadores têm que ter, e nós, os 33, mais os servidores da Casa, mais os nossos assessores, temos todas as condições de fazer uma Lei Orgânica muito bem feita, já que, em 1947, 21 Vereadores, partindo do nada, fizeram uma Lei Orgânica com, talvez, 20 funcionários, que a Casa tinha na época. O meu Partido não quer gastar 3 milhões e meio de cruzados para iniciar, não sei a que montante chegaria, mas esse valor foi nos dado na primeira distribuição. Quero o entusiasmo dos Vereadores, quero o esforço concentrado, e nós vamos mostrar que é possível fazer uma Lei Orgânica que seja a lei fundamental do Município, e que não precise de uma centena de leis complementares e ordinárias para que funcione. Volto a dizer que Constituição Americana tem um pouco mais de duas dezenas de artigos – 27 artigos, me socorre o meu eminente assessor Omar Ferri - algumas emendas, e tem 200 anos. A Constituição Inglesa não está escrita e tem algumas leis que tem mil anos e são respeitadas. Precisamos fazer uma Lei Orgânica, mas precisamos respeitá-la. Precisamos fazer uma Lei Orgânica que expresse os interesses do Município e ninguém melhor que os 33 Vereadores que sentem os problemas desta comunidade, para fazer esta Lei Orgânica. Então nós não precisamos de grandes assessorias, nós não precisamos senão do entusiasmo do jovem Vereador Airto Ferronato, e que este entusiasmo que ele tem seja idêntico nos outros 32. Então nós não teremos 15 mais 17, mais o Presidente, nós teremos um só, o Plenário da Câmara Municipal que com a competência, com o carinho, com o zelo e com a representatividade de todos os Vereadores há de fazer a Lei Orgânica que o Município espera. Sem demagogia, sem nada que não seja orgânico, porque eu acho que nós somos meros adaptadores de Lei Orgânica à Constituição Estadual, já perdi por aí, porque exerceremos a Constituinte Municipal, não é bem este o nosso papel, no meu entendimento, mas eu sou voto vencido. Nós vamos fazer uma Lei Orgânica com o esforço dos 33 Vereadores. Não tem separação, Ver. Airto Ferronato, e eu hoje estou mais contente pelo entusiasmo que V. Exª demonstrou nesta tribuna. Foi sem dúvida nenhuma o seu pronunciamento mais incisivo, mas é daqueles pronunciamentos que deixam a alma lavada. Eu hoje estou contente. Vi dois Vereadores virem à tribuna defenderem a realização de uma Lei Orgânica digna da Cidade que é Porto Alegre, capital de todos os gaúchos, exemplo que já foi esta Câmara para todo o Brasil, mais uma vez vamo-nos reunir e mostrar que nós temos competência e que nós temos responsabilidade e que não vamos transferi-la, nós vamos exercer a nossa responsabilidade em toda a sua plenitude e é isto que eu quero registrar em nome do meu Partido, e não teremos muitas despesas, não. Sou grato.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): O próximo orador inscrito é o Ver. Artur Zanella, ausente; Flávio Koutzii, ausente; Dilamar Machado, ausente; Adroaldo Corrêa, V. Exª está com a palavra.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, estive participando, ainda ontem, da reunião da Comissão Especial para a Lei Orgânica desta Casa, com 15 membros designados pelas Bancadas dos Partidos que integram a representação desta Legislatura, e, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, estive em todas as reuniões desta Comissão desde que ela foi constituída e sempre soube que ela foi aberta a todos os Vereadores desta Casa e sempre soube que os Vereadores tomaram conhecimento nas Sessões Ordinárias desta Casa de que ela se realizaria primeiro às terças-feiras e depois às terças e às quintas-feiras, o que era sempre publicado não só pelo Presidente da Comissão como também pelo Presidente desta Casa, e na ordem dos trabalhos pelos diversos que ocupavam a Mesa na direção dos trabalhos do Plenário. Portanto, todos os Vereadores desta Casa sabem que a Comissão Especial para a Lei Orgânica funciona às terças e quintas e que está preparando, neste momento, um consenso partidário, não um consenso de raros e iluminados, um consenso partidário negociado, transitado na negociação política, em busca de um Regimento Interno nesta Comissão Especial para os trabalhos da Câmara Constituinte Municipal.

Ora, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Ver. Airto Ferronato, desta forma, não tem razão. Pode ter razão no ímpeto, na vontade, como foi saudada de participar, mas não tem razão em dizer que o espaço lhe foi cerceado e que desde já estamos preparando um espaço privilegiado de 15 em 33 Vereadores. Até porque a proposta do Partido dos Trabalhadores, que caracteriza, demarca a Comissão de Sistematização de 15, que éramos contrários, mas concordamos com a perspectiva de representação de todas as Bancadas, tem a seguinte finalidade: pegar os relatórios das Comissões, cinco Comissões Temáticas, harmonizá-lo, e não vetar proposições dos relatórios e encaminhá-lo ao Plenário. Está garantido, sem que fosse necessário alguém sair em defesa dele, porque o próprio Plenário, de 33 para uma Comissão de 15, tem uma soberania de avocar para si o conjunto da realização da Lei Orgânica. Até porque o Ver. Airto Ferronato me pede um aparte e já vou adiantar uma outra questão que talvez lhe sirva para ponderar também no aparte, embora o tempo seja exíguo. O Ver. Airto Ferronato esteve na imprensa com uma matéria denunciando que o processo de discussão do Orçamento Municipal não era representativo e qualificado, que duvidava da condição dos delegados eleitos. E eu faria a pergunta ao Ver.Airto Ferronato que esteve numa destas regiões da Cidade fazendo uma discussão com a comunidade, chamando a comunidade a participar do debate do Orçamento, aprovar os seus delegados, que em reunião sábado passado com um conjunto de representantes de 700 pessoas, porque eram 74 delegados na proporção de um para dez, por que o Ver. Airto Ferronato questiona esse processo? No seu aparte poderia explicar, sendo breve.

 

O Sr. Airto Ferronato: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exª leu indevidamente o texto. Primeiro lugar: nós dissemos e voltamos a dizer que o Orçamento, a primeira fase é administrativa, isto nós dissemos. E dissemos mais, que o Prefeito pode fazer como vinha sempre fazendo, só, ou buscar auxílio de terceiro. Não dissemos que não tem nada a ver com representatividade, nós dissemos que a discussão política é aqui. Então V. Exª pegou um pouco equivocado, jamais critiquei a iniciativa do PT, e disse para V. Exª, foi equívoco de vossa parte. Disse que não tolherá e não vai tolher a liberdade dos Vereadores, e é verdade. Para que nós estamos aqui? Uma vez o Processo entrando aqui, evidentemente nós vamos avaliar as propostas de todas as associações e vamos acatá-las, com referência à participação do Regimento Interno, nós entendemos o seguinte: que num tempo razoável, que é muito longo o que está acontecendo até agora, nunca funcionou nessa Casa Comissão nenhuma, nós dissemos o seguinte: que esta proposta deveria estar pronta com uma razoável antecedência para que em Plenário nós discutíssemos a proposta apresentada pela Comissão para a Discussão.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Muito obrigado, eu só gostaria de concluir, dizendo, numa frase, que, sim, li o texto, e queria com a sua observação e o compromisso que sei que V. Exª tem com o debate do Orçamento, que esteve na comunidade, dizer que o título, que não foi V. Exª que fez, não foi, eu sei, sei como se processa o noticiário do jornal, serve exatamente contra os interesses da participação popular, tanto na Constituinte como no processo do debate do Orçamento, porque se condena exatamente a visão da Administração Popular de debate do Orçamento, tirando a delegação da sua possibilidade de influir no Orçamento, assim como todos os Vereadores dessa Casa participarão também do debate da Lei Orgânica e terão o assessoramento objetivo eu acho, e sem gasto extravagante algum, mas gastos necessários para que se possa fazer e se deva fazer não só para levar a informação correta à população, mas que com a informação a população possa participar. Era o que gostaria de ter dito. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito em Explicação Pessoal é o Ver. Wilton Araújo, ausente; Ver. Cyro Martini, cinco minutos com V. Exª.

 

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, venho à tribuna para registrar duas preocupações. A primeira delas diz respeito à segurança dos estabelecimentos de ensino de Porto Alegre, especialmente, e do Rio Grande do Sul de um modo geral. É um apelo que faço ao Governo do Estado para que permita o bom andamento dos estabelecimentos escolares de Porto Alegre que não têm conseguido levar a efeito as suas finalidades, porque têm sido objeto de ataques, de agressões de toda ordem. Por isso apelo ao Sr. Governador do Estado para que coloque o policiamento ostensivo fardado mais presente aos estabelecimentos de ensino e assim possa permitir que aquela parte, aquele segmento da vida, da atividade do nosso Município possa transcorrer com a normalidade. Não é possível que, contando com uma organização que dispõe em todo o Estado de cerca de 30 mil homens, a Brigada Militar não possa dar parte considerável do seu efetivo no cuidado, na proteção das crianças e dos jovens. Muitas escolas estão fechando por falta de segurança. Por isso fica aqui, antes do que uma reclamação, um apelo, uma preocupação dirigida ao Governador do Estado desta tribuna.

Outro registro que eu faço, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é com relação à Secretaria Municipal dos Transportes. Peço à SMT que tenha o cuidado de não ferir os interesses da gente do grande Partenon, no que diz respeito ao terminal na área do centro com relação às linhas de ônibus que se destinam ao Ipê, à Vila São José, à São Caetano, à Agronomia e à Vila Mapa. Essas linhas estão localizadas na Praça XV e me parece que retirá-las de lá para colocá-las em outro lugar de Porto Alegre não seria uma providência boa na medida em que poderia contrariar o interesse daquelas pessoas que residem nessas comunidades. O IPE 1, o IPE 2, a Grande São José, a Vila São Caetano, lá na Agronomia de um modo geral, assim como a Vila MAPA. Então, esperamos que o nosso Secretário Municipal dos Transportes tenha esse cuidado de não ferir aquela gente, que já é tão sofrida, sua grande maioria constituída de operários e de gente cuja vida não é aquela que todos nós esperamos para uma pessoa. De resto, deixando esses dois apelos aqui consignados, queremos também registrar a presença, neste Plenário, do Escrivão de Polícia Cláudio Noronha, pelo qual tenho grande amizade, não só pelo seu empenho na nossa organização, mas também pela nossa convivência particular. Registramos, ainda, a presença do Despachante de Trânsito Nelson Duarte Ferreira, também amigo nosso e grande dedicado às causas relativas ao trânsito. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa comunica que logo após esta Sessão, realizaremos uma Sessão Extraordinária para correr Pauta o Proc. n° 2567/89, Projeto de Resolução da Mesa, que reajusta os vencimentos dos funcionários da Casa. Para tanto, solicita a permanência dos Vereadores em Plenário.

Com a palavra, o Ver. Vicente Dutra.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, assomo à tribuna para, em rápidas pinceladas, deixar registradas nos Anais algumas observações relativas ao Seminário de que participei em Caracas, por representação desta Casa e atendendo a um convite do IFEDEC – Instituto de Formação da Social Democracia Cristã – da Venezuela, que é um instituto vinculado ao COPEI, que é o Partido da Social Democracia Cristã, da Venezuela. O IFEDEC é um órgão que já funciona há 35 anos e fundado por um grupo de venezuelanos e demais lideranças latino-americanas com o intuito de divulgar a Democracia Cristã aqui da América Latina, portanto já tem centenas de Seminários, cursos e outros eventos na difusão desta extraordinária doutrina que é a Democracia Cristã, que como sabemos tem grande respaldo na Europa e aqui na América Latina também. Participamos com outros vinte brasileiros, sendo que seis aqui do Rio Grande do Sul, no Centro Cultural Arestides Galvani, que é o Centro difusor dessa doutrina lá em Caracas. O conteúdo do Seminário versou sobre sociologia política, sobre a grande doutrina da Social Democracia Cristã e foi muito interessante porque participei, juntamente com meu pai, há muitos anos atrás, era garoto ainda, do Partido Democrata Cristão aqui do Brasil e lamentavelmente foi um dos defeitos da nossa Revolução, entre muitas coisas boas que fez, foi a extinção dos Partidos Políticos e com isso extinguiu o grande Partido que era o Partido Democrata Cristão, que tinha uma força predominante aqui no Rio Grande do Sul. Então, nós tínhamos alguma noção, já naquela ocasião como membro jovem do Partido Democrata Cristão e fomos lá aprofundar essa doutrina. Doutrina essa que tem o homem como centro destinatário, considerando o homem como um ser transcendente, o homem criado por um ser boníssimo e que tem uma destinação, tem uma vocação aqui na terra. Em resumo, toda a doutrina da Social Democracia tem a sua atenção no homem, no valor homem, não como um ser, uma máquina, mas considerando esse homem com uma trajetória aqui na terra, tendo uma vocação, tendo que administrar os bens, ser gerente dos bens naturais da terra, não o dominador fazendo o que bem entende, mas administrando e compartilhando com seus pares, com seus irmãos e com a natureza o mundo em que vivemos. Eu vou me propor, Sr. Presidente, em outras oportunidades tecer análises sobre determinados pontos que nós discutimos e que foram pontos altos desse curso e tenho aqui comigo todos os apanhados que fiz de aula e mais farta documentação, mais ou menos uns quatro quilos de livros e materiais mimeografados que nos foram apresentados pelo curso, estou tentando digerir tudo isso e aos poucos vou tentar, da tribuna, nestes quatro anos de mandato, transmitir um pouco dessa notável doutrina que é a Democracia Cristã. O COPEI, que é o Partido que nos proporcionou esse curso, é o Partido que se reveza na Venezuela, junto com a Ação Democrática. Em 1947 houve uma ditadura e em 1958 houve um novo golpe, de lá para cá a Venezuela tem-se mantido estável politicamente. Revezam-se: um período é da Ação Democrática, o Partido que está hoje no governo, e noutro período é da Social Democracia Cristã. Então, lá na Venezuela há muitos anos a democracia tem sido cumprida. É um País rico, comparado ao Brasil, mas, com 19 mil habitantes (milhões), tem uma dívida de 34 bilhões de dólares. Portanto, tem uma dívida de 2 mil dólares por cada cidadão, o Brasil tem uma dívida de 1 mil dólares. Esse é um detalhe. E observado por eles, essa dívida contraída pela Venezuela de 2 mil dólares por habitante, que é superior a do Brasil, não sabe onde foi aplicada. Enquanto que a do Brasil nós sabemos que boa parte desta dívida, se ela foi para a rua em outros bolsos, mas nós visualizamos a Itaipú e outros benefícios que ela trouxe ao Brasil, e que devemos reconhecer que trouxe o enriquecimento ao País.

Para finalizar, Sr. Presidente, a Venezuela me impressionou pela cordialidade, pela amabilidade de seu povo, pelo nível cultural pelo menos com aquelas pessoas com quem me comuniquei, pelo padrão de vida com que goza. Mas no dia 21 de fevereiro passou por distúrbio social muito grave, jamais ocorrido nos últimos 100 anos naquele País; os jornais, as revistas brasileiras publicaram no mundo todo que foram 300 mortos, o que já seria preocupante, mas, na verdade nós tivemos contato com pessoas do governo, que foram ministros, na verdade foram 2.500 mortes ocorridas principalmente em Caracas. Isto é um sinal de alerta para nós, que de repente um povo amável, um povo cordial, um povo de uma sensibilidade muito grande, na música, nas artes, se transformou com olhares esbugalhados, segundo informações, e ali originou-se um desgoverno, uma anarquia total, obrigando a haver um confronto com o Exército. E com isso 2.500 latino-americanos perderam a vida.

Ainda a questão da integração latino-americana que eu quero abordar em outra oportunidade, Sr. Presidente, mas só para deixar registrado nos Anais e agradecer à Mesa da Casa que permitiu que este Vereador, sem verbas para a Câmara, lá estivesse por conta deste convite, participando desse Seminário. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Omar Ferri. Cinco minutos com V. Exª.

 

O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, abro na página policial os jornais de ontem e hoje, dentre eles Zero Hora, e vejo que a polícia, muito eficientemente, conseguiu descobrir os responsáveis pelo roubo do cofre do Colégio Cristo Rei, em São Leopoldo, atribuído a PMs e à comissários de polícia. E estas reportagens todas trazem fotografias de alguns dos implicados. Dentre eles dois, a respeito dos quais gostaria de fazer algumas menções especiais. O primeiro trata-se de um advogado. Ambos são duas influentes figuras da nossa sociedade. Um deles o nome é tradicional e muito respeitado, principalmente nos setor policial. Um é o advogado Jonas Arpino. Sabe, Dib, cedo ou tarde, e eu sempre tenho razão, sempre acontece alguma coisa com desafetos meus. Pois eu tive o prazer de conhecer esse advogado que concorreu à Câmara de Vereadores pelo meu partido e, quando aquele inspetor de polícia, delinqüente e assassino, da pior espécie, chamado Arquimedes Lutzemberg Ribeiro, que estuprou uma menor de idade, amarrando-a e jogando-a ao Guaíba de cima da ponte, eu fui procurado por seus familiares para ser advogado de acusação, para trabalhar como assistente de acusação nesse júri. No dia marcado, fui com a Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil receber no aeroporto o Prêmio Nobel da Paz a Adolfo Perez Squivel. Então, pedi que a minha filha atuasse nesse júri, já que eu fiquei sem condições. Mas, aí pelas quatro horas da tarde, quando Perez Squivel estava dando uma entrevista coletiva na Ordem dos Advogados, eu dei uma subidinha rápida e fui até o Tribunal do Júri. Eu não conhecia este tal de Jonas Arpino, tinha-o visto uma vez só, este vigarista indecente, que está desonrando a classe dos advogados. E quando cheguei ao Tribunal do Júri, este cidadão, que estava falando, assinalou a minha presença e disse que estava chegando lá um grande defensor dos direitos humanos, um dos maiores advogados criminalistas do Rio Grande do Sul – o que não é verdade – e que ele estava-se sentindo muito honrado com a minha presença, mas que a minha filha, Drª Márcia Marques Ferri, era uma palhaça. Em razão do que o chamei de crápula para fora. Terminei com o júri. O Juiz, pusilânime e fraco, disse: Dr. Ferri, pelo amor de Deus, não interrompa, eu quero terminar este júri em paz. Ao que eu respondi: todas as vezes que este delinqüente proceder desta maneira, o senhor tenha certeza absoluta que eu vou interrompê-lo. Eu era advogado, assistente de acusação. Portanto, eu vou dizer aos meus prezados Pares desta Casa que vou representar na OAB contra este Bacharel que está denegrindo a imagem da classe dos advogados. Como ele, muitos advogados de porta de xadrez existem. Este cidadão é um débil mental, um deficiente. Houve casos, inclusive, dele concluir um júri e o Juiz inquirir o Conselho de Sentença sobre se eles tinham entendido a defesa e se poderiam votar, se estavam tranqüilos para a decisão. E eles, por unanimidade, responderem que não, que não tinham entendido nada. O Juiz dissolveu o Conselho de Sentença, determinou que fosse excluído o advogado – vejam que violência –; eu não sei como é que uma Faculdade pode dar um diploma para um cidadão destes – o Juiz viu que era totalmente deficiente a defesa, dissolveu o Corpo de Jurados, excluiu o advogado da causa, e nomeou um assistente, um outro advogado para fazer o Júri na semana seguinte. Ele tem mania de dizer que é campeão de boxe, e foi 12 anos campeão do Rio Grande do Sul, e convida promotores, juízes para “acertar” na rua, - ele fez isso comigo, naquela ocasião. O outro que a reportagem menciona é o comissário Altamiro Reis, velho policial delinqüente, parece que foi excluído ou está aposentado, e é um outro vigarista que anda solto por aí, apesar do nome tradicional da sua família. Não sei se os prezados Vereadores lembram quando o Castelan, construtor imobiliário desta Cidade, desapareceu. Foi um mistério, e a polícia, até hoje, não conseguiu descobrir, eu fiz de tudo, atuei em nome da família, para que o inquérito aberto apontasse o responsável pelo desaparecimento desse cidadão, mas nada consegui. Todavia, o inspetor Altamiro Reis dizia saber de tudo o que tinha acontecido com o construtor (que deve ter sido assassinado), e ia para a casa da viúva para solicitar dinheiro, dizendo que tinha que viajar para as cidades do interior para fazer contatos com policiais. E assim levou muito dinheiro. Mais tarde essa senhora chegou ao meu escritório, informando o que estava acontecendo. Eu lhe disse, pois a senhora não dê mais dinheiro nenhum, vamos para a polícia, e vamos representar contra esse cidadão. Aliás, este mesmo policial, no tempo do seqüestro da Lílian e do Universindo, chegava no meu escritório para apontar uma série de responsáveis, inclusive parentes dele, mas que nunca usei, porque quem prestava as informações não tinha a mínima dignidade profissional. Então, são estas coisas que estão ocorrendo, os vigaristas aparecem em manchetes dos jornais. Eu lastimo que dentre eles, desonre a nobre classe dos advogados, um delinqüente, que usou o seu escritório jurídico para programar este assalto ao cofre do Colégio Cristo Rei, em são Leopoldo. Vou formular a representação à OAB para uma espécie de descargo de consciência. Possivelmente, existem hoje uns cinqüenta advogados – policiais existem mais – que estão desonrando a classe. Não posso entender como as faculdades tão facilmente diplomam pessoas que são débeis mentais como é o caso deste cidadão. Não posso entender como a polícia leva tanto tempo para excluir de suas fileiras policiais desonestos. É uma complicação interna, da legislação, do estatuto, eu entendo assim.

Por isto eu senti esta necessidade, hoje, neste Plenário, de registrar estes lamentáveis fatos. O que me deixa preocupado é que o assalto, a delinqüência e a insegurança já não nascem mais no marginalismo social. São pessoas engravatas, advogados até de algum renome, ele é um delinqüente, mas tem nome em Porto Alegre, já estão assaltando, daqui a alguns dias vão estar matando também. E me parece que esta Cidade em matéria de segurança e violência está se tornando, cada vez mais, uma terra de ninguém. Sou grato.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 12h.)

 

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